Ambos insetos desempenham funções importantes na natureza, mas ainda são vistos de formas distintas
Por Wagner Ferreira – Tanto as abelhas, quanto as vespas estão dentro da mesma ordem de classificação dos insetos, a Hymenoptera. Porém, cada uma pertence a famílias/grupos diferentes: superfamília Apoidea e subgrupo Anthophila (abelhas, no Brasil representadas pelas famílias Apidae, Andrenidae, Colletidae, Halictidae e Megachilidae) e Vespidae (vespas, popularmente conhecidas no Brasil e Angola como marimbondo). Existem ainda diferentes famílias de Hymenoptera que integram o grupo de insetos que chamamos de vespas.
Embora existam tanto abelhas quanto vespas no padrão amarelo e preto, as principais diferenças morfológicas entre elas está na forma do olho (recortado / riniforme nas vespas e apenas sinuoso nas abelhas), na forma dos pêlos de seu corpo (plumoso nas abelhas e simples nas vespas), na forma do primeiro segmento do tórax (curto em forma de colarinho nas abelhas e alongado em forma de U invertido nas vespas), e no formato do último par de pernas (roliço não modificado nas vespas e modificado nas abelhas – pelo menos um dos segmentos achatado).
Mas, o que as tornam imprescindíveis na natureza, é o papel que cada uma desempenha. As abelhas são conhecidas como uma das principais espécies polinizadoras do meio ambiente (cerca de 85% das plantas com flores dependem das abelhas para se reproduzir), pois as abelhas dependem dos recursos florais desde sua fase larval até a adulta. Graças a elas, nesse trânsito entre uma planta e outra, o pólen (gameta masculino) das flores é transportado entre diferentes espécimes de plantas da mesma espécie, promovendo o fluxo gênico. E é assim que a reprodução das plantas acontece, garantindo a variabilidade genética essencial para manutenção da flora terrestre.
As vespas também são polinizadoras, mas numa escala bem menor que as abelhas, pois somente se alimentam nas flores na fase adulta. Elas são boas mesmo é em “dedetizar” o meio ambiente. Seu vasto cardápio inclui pequenos insetos, larvas, cupins, formigas, lagartas, gafanhotos, aranhas e mosquitos, entre eles o Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762), espécie transmissora da dengue e chikungunya. As vespas promovem o equilíbrio de pragas, que podem levar incômodo e doenças às pessoas em suas casas. Então, preservá-las, é garantir a própria sobrevivência humana.
“As abelhas têm uma divulgação maior que as vespas, que também polinizam, mas numa escala bem menor”, Favízia Oliveira
Mas, por que, mesmo com tantos benefício à vida humana, as vespas são tão desprestigiadas?
Segundo a bióloga e pesquisadora do Laboratório de Bionomia, Biogeografia e Sistemática de Insetos, da Universidade Federal da Bahia (Biosis/Ufba), Favízia Freitas de Oliveira, devido ao papel de conservação ambiental e valor econômico mais destacado das abelhas, pesquisas com elas recebem destaque maior da mídia do que com as vespas. Oliveira acredita que o volume de pesquisas entre abelhas e vespas é praticamente semelhante. “Por serem as polinizadoras mais importantes, além da sua importância na agricultura, por conta da produção de mel, as abelhas têm uma divulgação maior que as vespas, que também polinizam, mas numa escala bem menor”, diz.
O quê atraem as vespas? Flores, comidas e bebidas, inclusive pedaços de carne, doces são convites às vespas, pois elas se alimentam de néctar, insetos e larvas. Ou seja, onde tiver inseto, nossas amiguinhas também estarão. Para não receber essa visita indesejada, evite manter resto de comida em casa, ou lixo destampado.
Quando aparecem e onde habitam? Vespas são mais comuns do início ao meio do verão. Vespas ou marimbondo costumam fazer seus ninhos em troncos de árvores, presos a galhos, paredes, varandas ou telhados de casas.
Ferroadas – Um dos motivos de tanta antipatia por parte dos humanos às vespas e abelhas são, sem dúvida, suas ferroadas, que costumam ser bastante doloridas. Mas as picadas de vespas ou marimbondos não costumam levar grande perigo às pessoas, desde que o atingido pelos ferrões não tenha alergia aos insetos, ou seja, picado por poucos indivíduos (existem vespas sociais e solitárias, e, para as sociais, o risco é igual a das abelha africanizada, caso a pessoa seja ferroada por vários indivíduos ou seja alérgica).
Já entre as abelhas, engana-se quem pensa que elas morrem logo após a primeira ferroada. De acordo com a Dra. Favízia Oliveira, no Brasil, aproximadamente 250 espécies de abelhas sociais não levam riscos ao ser humano, pois possuem ferrão atrofiado e perderam a capacidade de ferroar (são as conhecidas “abelhas sem ferrão”). Mas, cerca de 1700 espécies, a grande maioria delas representada por abelhas solitárias, não só ferroam, como podem picar várias vezes sua vítima, assim como as vespas. “O ataque a seres humanos varia de espécie para espécie.
As abelhas africanizadas do gênero Apis (Apis mellifera scutellata Lepeletier, 1836), por exemplo, são extremamente defensivas e podem atacar alguém que esteja até 10 metros do seu ninho, bastante populoso, que pode ter até 100 mil abelhas. Essas são as abelhas conhecidas por perderem seu ferrão. Para iniciar um ataque, basta que as Apis se sintam ameaçadas por barulhos e vibrações”, explica a bióloga, que faz um alerta para esta categoria de abelhas. Oriunda do cruzamento entre raças européias e africana da espécie Apis mellifera Linnaeus, 1758 introduzidas no Brasil para a produção de mel, esse poli híbrido, ocorrem em todas as regiões do Brasil em grande número, e é a abelha mais conhecida, sendo a principal responsável pelos acidentes com picadas no Brasil, inclusive com casos graves, que podem levar a pessoa a óbito.
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